quarta-feira, 30 de junho de 2010

ALCOOLISMO

O uso de bebidas alcoólicas é tão antigo quanto a própria Humanidade. Beber moderada e esporadicamente faz parte dos hábitos de diversas sociedades. Determinar o limite entre o beber social, o uso abusivo ou nocivo de álcool e o alcoolismo (síndrome de dependência do álcool) é por vezes difícil, pois esses limites são tênues, variam de pessoa para pessoa e de cultura para cultura.

Estima-se que cerca de 10% das mulheres e 20% dos homens façam uso abusivo do álcool; 5% das mulheres e 10% dos homens apresentam a síndrome de dependência do álcool ou alcoolismo. Sabe-se também que o álcool está relacionado a 50% dos casos de morte em acidentes automobilísticos, 50% dos homicídios e 25% dos suicídios. Freqüentemente pessoas portadoras de outras doenças mentais (p. ex., ansiedade, pânico, fobias, depressão) apresentam também problemas relacionados ao uso de álcool.

Para compreender melhor os problemas relacionados ao alcoolismo é importante saber de algumas definições:

Intoxicação aguda: é a condição que ocorre após a ingestão de bebidas alcoólicas. É conhecida com os mais variados nomes: embriaguez, bebedeira e outros tantos. O grau de intoxicação depende do tipo e da quantidade de bebida ingerida, da condição física da pessoa, da rapidez da ingestão, se a pessoa está ou não em jejum. As alterações do comportamento observadas na pessoa alcoolizada se relacionam ao nível de álcool no sangue (este é medido com aparelhos como p. ex. o "bafômetro").

Uso nocivo ou abusivo: Caracteriza-se por uma ingestão de bebida alcoólica que causa algum tipo de prejuízo para a pessoa. Pode ser físico, mental, familiar, profissional ou social.

Síndrome de dependência: Nesta situação a bebida alcoólica se torna uma prioridade para o individuo, em detrimento de outras atividades cotidianas. Caracteriza-se por um desejo descontrolado, irresistível de consumir bebidas alcoólicas. A pessoa também perde o controle do consumo, bebendo quantidades exageradas e freqüentemente. Se o consumo diminuir ou interromper subitamente aparecem sintomas físicos e psíquicos de abstinência, ou seja, da falta do álcool. A síndrome de abstinência caracteriza-se por tremores, sudorese, aumento da pulsação, náuseas, insônia, agitação, ansiedade; em casos mais graves podem ocorrer convulsões e o delirium tremens (além dos sintomas descritos, a pessoa fica confusa, começa a ter alucinações, em geral 'visões' de bichos nas paredes ou andando pelo corpo). Com o consumo continuo do álcool desenvolve-se a tolerância, caracterizada pela necessidade de consumir doses crescentes de bebida alcoólica para obtenção de efeitos que originalmente eram obtidos com doses mais baixas. Há um abandono progressivo de interesses, atividades ou prazeres, ficando a vida cada vez mais concentrada na bebida. A maior parte do tempo da pessoa é ocupada com a busca, o consumo da bebida ou a recuperação de seus efeitos. A pessoa continua bebendo apesar das evidencias claras dos prejuízos físicos, psicológicos, familiares e sociais que vem sofrendo.

Detecção

Alguns questionários práticos foram desenvolvidos para ajudar a levantar a suspeita de problemas com o álcool. O mais simples deles é conhecido como CAGE (sigla em inglês, que se refere a palavras das perguntas que são formuladas) e foi desenvolvido por Mayfield e colaboradores (Mayfield, D.; McLeod, G.; and Hall, P. The CAGE questionnaire: Validation of a new alcoholism instrument. American Journal of Psychiatry 131:1121-1123, 1974). Consiste de quatro perguntas:

  1. Você já tentou diminuir ou cortar ("Cut down") a bebida?
  2. Você já ficou incomodado ou irritado ("Annoyed") com outros porque criticaram seu jeito de beber?
  3. Você já se sentiu culpado ("Guilty") por causa do seu jeito de beber?
  4. Você já teve que beber para aliviar os nervos ou reduzir os efeitos de uma ressaca ("Eye-opener")?

Se pelo menos uma resposta a essas perguntas for afirmativa ("sim") há suspeita de problemas com o álcool. Duas ou mais respostas afirmativas é indicativo de problemas com o álcool.

Outro questionário é conhecido como Brief-MAST (Teste de Detecção de Alcoolismo de Michigan, versão breve) desenvolvido por Pokorny e colaboradores (Pokorny AD; Miller BA; Kaplan HB. The Brief MAST: A shortened version of the Michigan Alcoholism Screening Test. American Journal of Psychiatry 129(3): 342-345, 1972). Consiste de 10 perguntas, com respostas "sim" ou "não", que recebem pontuação:

  1. Você se considera uma pessoa que bebe de modo normal? (Sim=0, Não=2)
  2. Seus amigos ou parentes acham que você bebe de modo normal? (Sim=0, Não=2)
  3. Você já foi a algum encontro dos Alcoólicos Anônimos (AA)? (Sim=5, Não=0)
  4. Você já perdeu amigos/amigas ou namorado/namorada por causa da bebida? (Sim=2, Não=0)
  5. Você já teve problemas no trabalho/emprego por causa da bebida? (Sim=2, Não=0)
  6. Você já abandonou suas obrigações, sua família ou seu trabalho por 2 ou mais dias em seguida por causa da bebida? (Sim=2, Não=0)
  7. Você já teve delirium tremens, tremores, ouviu vozes, viu coisas que não estavam lá depois de beber muito? (Sim=2, Não=0)
  8. Você já procurou algum tipo de ajuda por causa da bebida? (Sim=5, Não=0)
  9. Você já foi hospitalizado por causa da bebida? (Sim=5, Não=0)
  10. Você já esteve preso ou foi multado por dirigir embriagado? (Sim=2, Não=0)

Se a soma dos pontos for menor ou igual a 3 não há problema com bebidas alcoólicas, se for 4 é sugestiva de alcoolismo e se for igual ou maior que 5 indica alcoolismo.

Conseqüências físicas do alcoolismo

O uso excessivo de bebidas alcoólicas pode afetar praticamente todos os órgãos e sistemas do organismo. O aparelho gastrintestinal é particularmente atingido. Podem ocorrer gastrites, úlcera, inflamação do esôfago, pancreatite; as lesões no fígado podem levar à cirrose. Outros aparelhos atingidos são o cardiocirculatório (podendo ocorrer pressão alta, infarto do miocárdio), o sistema nervoso (epilepsia, lesões em nervos periféricos) e o geniturinário (impotência). Podem ocorrer também doenças devido a deficiências de vitaminas e alterações no sangue. O uso de álcool por mulheres grávidas pode levar a malformações no feto com retardo mental, malformações no coração, membros, crânio e face (síndrome fetal do álcool).

Conseqüências psíquicas do alcoolismo

A embriaguez ou intoxicação aguda pelo álcool é bem conhecida. A pessoa pode ficar agitada, falante, eufórica, sem coordenação motora , rubor facial. Por vezes o quadro de embriaguez é acompanhado de um esquecimento dos fatos ocorridos durante a embriaguez ("blackout"). Algumas pessoas ficam embriagadas com doses muito pequenas de bebidas alcoólicas - este quadro é denominado intoxicação patológica ou idiossincrática.

Na síndrome de dependência ocorre o uso exagerado, continuo de álcool por muito tempo. Há um desejo intenso de beber e necessidade de beber quantidades cada vez maiores para obter o mesmo efeito (tolerância). As atividades da pessoa giram em torno da obtenção de bebidas, ocorrem prejuízos nas demais atividades, como falta ao trabalho, queda do rendimento no trabalho e convívio familiar.

Outra característica da síndrome de dependência é a síndrome de abstinência. Ocorre em geral com a interrupção ou redução abrupta da quantidade de bebida ingerida. A síndrome de abstinência caracteriza-se por tremores, sudorese, aumento da pulsação, insônia, náusea ou vomito, ansiedade e agitação. Quando se torna mais grave surgem ainda as alucinações, em geral na forma de "visões" de animais ou fios na parede ou no ar ou da sensação de formigamento ou de bichos andando pelo corpo da pessoa. Este quadro é chamado de delirium tremens e é ainda acompanhado de febre, convulsões e confusão mental (a pessoa não consegue conversar direito, confunde objetos e pessoas, não sabe informar sobre datas ou local onde se encontra). O delirium tremens é um quadro grave e necessita de tratamento hospitalar.

Com freqüência, após um delirium tremens, a pessoa desenvolve um quadro caracterizado por esquecimento de fatos que ocorreram recentemente. É denominado amnésia induzida pelo álcool ou síndrome de Korsakoff.

Tratamento

O tratamento do alcoolismo é bastante complexo e depende do tipo de quadro que o paciente apresenta. Em termos genéricos, o primeiro passo é evidentemente a conscientização do problema e a interrupção total do uso de bebidas alcoólicas (abstinência). A chamada "desintoxicação" pode ser feita em casa ou, em casos mais graves, em hospital, mas sempre sob cuidado médico. Nesse período é feita também a avaliação e o tratamento dos danos físicos e mentais decorrentes do álcool.

Após a recuperação inicial, segue-se a manutenção da abstinência. A maioria dos trabalhos mostra que a abstinência deve ser total e completa. Uma "bebidinha" de vez em quando abre caminho novamente para a dependência na grande maioria dos casos. Assim é preciso muito esforço e muito apoio para que a pessoa fique distante das bebidas alcoólicas e de outros produtos que contem álcool.

Há alguns medicamentos que podem ajudar a manter a abstinência, os quais devem ser prescritos e seu uso acompanhado pelo médico. O mais conhecido deles é o dissulfiram. Este medicamento deve ser tomado diariamente; ele provoca uma reação extremamente desagradável se a pessoa que o está utilizando ingere mesmo pequenas quantidades de álcool. Com isto cria-se uma aversão ao uso do álcool. Outros medicamentos, entre eles o naltrexone, diminuem a vontade de beber e podem contribuir na recuperação.

A psicoterapia desempenha papel fundamental na recuperação. Procurar buscar com o paciente os motivos que o levam a beber e auxiliar na resolução dos conflitos permitem a construção de uma personalidade mais madura, capaz de lidar com as adversidades sem precisar se refugiar na bebida.

Os grupos de auto-ajuda (Alcoólicos Anônimos e outros) também são muito importantes na recuperação.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

RELACIONAMENTOS INTERPESSOAIS

Recentemente fui convidado para ministrar um curso de Desenvolvimento Pessoal para os funcionários de uma grande empresa. Solicitaram-me que focasse a questão dos relacionamentos interpessoais, pois havia entre os vários colaboradores dessa empresa, situações conflitantes nesse sentido.

Elaborei um programa que envolvia o autoconhecimento, autoconfiança, insegurança, assertividade, tipos de relacionamentos dependentes e as mudanças pessoais necessárias.Executei o programa para todos os coaboradores, incluindo as alta e média gerências. Como o resultado foi fantástico, segundo avaliações dos envolvidos, estou repassando á você, caro leitor, trechos do programa. Espero que o agrade.

"Quando desconhecemos o que realmente somos, o que sentimos e como reagimos, corremos o risco de causar estragos em todos aqueles que nos são próximos e, inclusive em nós próprios...".

Todas as relações humanas envolvem comportamentos, sejam eles adequados ou inadequados. Na verdade, todo relacionamento envolve sentimentos e emoções, melhor ainda seria dizer que todo contato da pessoa com a realidade envolve sentimentos e emoções. Como se vê, para entendermos bem essa questão do relacionamento da pessoa com o outro deve-se começar procurando entender o relacionamento da pessoa com o seu próprio mundo e consigo mesmo.

Todos os sentimentos, emoções e comportamentos que experimentamos ao contactar a realidade - seja a realidade dos fatos ou das pessoas - são conseqüências diretas dos valores que atribuímos a essa realidade. Da mesma forma, todos os diferentes valores que as outras pessoas atribuem à uma mesma realidade são os responsáveis pela construção das próprias realidades de cada um, e cada um viverá particularmente sua própria realidade.

Para a obtenção de uma situação de harmonia entre o indivíduo e seu meio e, principalmente, entre ele e si próprio, é necessário a vontade, o querer ser, é desejar verdadeiramente optar pela mudança, se isso for realmente o que se quer.

Assim sendo, se fosse possível vivermos sem conflito, seria necessária uma perfeita combinação daquilo que queremos com aquilo que devemos, juntamente com aquilo que conseguimos.

Como se vê e se percebe consultando nossa intimidade, dificilmente estamos fazendo exatamente aquilo que queremos, nem sempre estamos desejando ou fazendo aquilo que devemos desejar e fazer e, muitíssimas vezes, não conseguimos fazer tudo o que queremos, ou mesmo devemos.

Conviver e relacionar-se com outras pessoas é atirar-se em "riscos". Há o risco da interação, pois expressar-se, manifestar seus pensamentos, suas idéias, sentimentos, emoções implica arriscar-se, na maioria das vezes a ser ignorado, rejeitado, ridicularizado.

Conviver com as diferenças individuais é um dos desafios mais trabalhosos.

A proposta do processo Você e os Outros – Como agimos, interagimos e reagimos nas relações interpessoais é auxiliar as pessoas a olharem para dentro de si mesmas, reconhecer suas dificuldades, seu potencial, suas sombras e sua luz.

A grande verdade é que "somos a pessoa que escolhemos ser o que somos".

Todos os dias decidimos se continuamos do jeito que fomos ontem, ou mudamos. Muitas pessoas querem mudar o mundo, outras querem mudar os outros, outras ainda querem o mundo mudado. Não começam, porém, por onde unicamente devem começar: - pela mudança de si mesmas.É este o único caminho...

Muitas pessoas, por vários motivos, deixam de se autoconhecer ou acreditam que já se conhecem suficientemente bem. Isso não é verdade!

Conhecer a nós mesmos, ir fundo em nosso interior é um dos maiores desafios que existem.

Saber lidar com nossas contradições é algo que boa parte das pessoas não sabem, conseguimos enxergar nos outros defeitos e virtudes, mas temos dificuldade em ver isso em nós mesmos.

Você e os Outros – Como agimos, interagimos e reagimos nas relações interpessoais é para quem deseja viver melhor consigo mesmo e com outras pessoas, para quem deseja desenvolver habilidades e estratégias para trabalhar suas dificuldades com o outro e consigo mesmo. É um processo de verdadeira imersão para dentro de você que permitirá grandes e permanentes transformações na sua vida.



A IMPORTÂNCIA DO AUTOCONHECIMENTO


A jornada do autoconhecimento é muito mais complexa e desafiante do que a maioria das pessoas que iniciam o processo pode sequer imaginar.

A maior causa de aborrecimentos do ser humano é outro ser humano. Então para o nosso bem-viver emocional devemos aperfeiçoar as nossas capacidades de convivência com nosso semelhante.

Ao falar sobre a capacidade de nossos semelhantes em nos aborrecer estamos falando das frustrações, mágoas e irritabilidade que nossos semelhantes podem produzir em nós.Podemos dizer, sm medo de errar que nossas frustrações, mágoas e irritabilidade, são proporcionais àquilo que esperamos dos outros; quanto mais esperamos, mais sofremos.

Então não devemos esperar nada de ninguém? Não, não devemos.

E é bom acostumarmos com essa idéia. Quanto mais esperamos de alguém, mais corremos o risco de frustrações, mágoas e irritabilidade. Portanto, é bom fazermos tudo aquilo que fazemos sem esperarmos nada em troca, fazemos por uma questão de consciência, de boa vontade, de querermos apenas fazer. Se algo de bom vier de nossos semelhantes será um lucro agradável e, se não vier nada, será normal.

Para compensar essa peça que a natureza nos pregou, fomos dotados de um atributo muito especial: somos capazes de mudar.

Essa é a atitude mais sensata, principalmente porque não se pode mudar o outro e nem querer que o outro mude para nos satisfazer.

Inicialmente, vamos considerar que a mágoa, o aborrecimento, a irritabilidade, a frustração, o ressentimento são sempre de autoria da pessoa que se sente magoada, aborrecida, irritada, frustrada e ressentida. São sentimentos que nascem na própria pessoa, portanto, a culpa deve recair sobre quem está magoado, aborrecido, irritado, frustrado e ressentido. É a pessoa quem alimenta tais sentimentos, é ela quem se deixa magoar, frustrar, aborrecer e ressentir.

Assim sendo, em termos de sentimentos, o raciocínio mais correto é dizer que a pessoa deixou-se magoar por fulano e não que foi magoada por ele. Não deve ser fulano quem nos irrita, mas sim, nós que nos deixamos irritar por fulano. Portanto, como se vê, nossos aborrecimentos têm uma origem dentro de nós, são sentimentos nossos, interiores.

Se nos sentimos magoados, aborrecidos, irritados, frustrados e ressentidos a culpa é da nossa sensibilidade. Nos sentimos magoados quando achamos que não estamos sendo "gostados" ou mesmo amados o tanto que gostaríamos de sermos "gostados" ou amados.

A quantidade que gostaríamos de sermos "gostados" ou amados é nossa pretensão, portanto, de nossa exclusiva responsabilidade. Nos sentimos frustrados, irritados porque o outro não satisfaz nossas expectativas. Ora as expectativas são construídas por nós, portanto, de nossa inteira autoria e responsabilidade.


APRENDA A OLHAR PARA DENTRO DE SI E BUSCAR RESPOSTAS INTERNAS


Olhar para dentro de si mesmo é uma das maiores dificuldades do ser humano.

Às vezes a fuga de si mesmo decorre do medo de olhar para dentro de si e descobrir algo negativo e ruim.Todos temos a capacidade para alcançar nossos objetivos e sermos o que quisermos, desde que tenhamos consciência do que desejamos.

Uma boa receita para se conhecer mais é saber exatamente aquilo que se quer, quais objetivos se está disposto a buscar, os riscos que se está disposto a correr e trilhar o melhor caminho para isso.

Também é imprescindível libertar-se da necessidade constante da aprovação dos outros e conscientizar-se que qualquer coisa que deva ser feita será melhor se depender de seus próprios esforços e méritos.

Você pode começar examinando sua vida como um observador. Pergunte-se: você está onde gostaria, com as pessoas que gosta, sente-se bem com o que faz, se tem tomado decisões de acordo com sua vontade.


DO QUE SÃO FEITOS OS SONHOS


Em todas as épocas os sonhos sempre ocuparam a atenção dos homens. Para alguns povos antigos, os sonhos eram a chave do conhecimento mágico e espiritual, onde seriam reveladas passagens secretas para fatos do passado, presente e futuro. Em psicologia, a análise do sonho é bastante utilizada como instrumento para o terapeuta. Nem todas as correntes da psicanálise fazem uso do estudo dos sonhos, mas para Freud, por exemplo, o sonho diz respeito ao inconsciente e a fenômenos psíquicos durante o sono, sendo o sonho um mapa para o inconsciente.

Uma vez que os sonhos estão ligados ao inconsciente, não há, neles, uma seqüência lógica de fatos, não estando presos às leis espaço-temporais do mundo físico. Recheados de fatos cotidianos e de impulsos inconscientes, em geral, tudo parece estranho num sonho, onde muitas vezes somos espectadores, como que vendo um filme, e noutras vezes somos os protagonistas de histórias surreais, onde tudo é possível e desejos inconscientes podem vir à tona. O sonho funciona assim, como um mediador de forças entre o consciente e o inconsciente, fazendo com que situações agradáveis possam ser mantidas e prolongadas durante o sonho, e que situações ameaçadoras possam ser interrompidas.

Para Freud, o conteúdo visível do sonho é a história que se desenrola, mas o que mais interessa é o que está por trás da história, os impulsos inconscientes que a originaram.

Os sonhos são formados por um complexo conjunto de fatores que ainda não foram totalmente desvendados, seja por místicos ou por cientistas, mas que sempre farão parte da vida do ser humano. Os sonhos revelam um outro mundo, um outro "eu".


quinta-feira, 17 de junho de 2010

WHAT YOU HAVE TO KNOW ABOUT CYBERBULLYING

What is cyberbullying, exactly?

"Cyberbullying" is when a child, preteen or teen is tormented, threatened, harassed, humiliated, embarrassed or otherwise targeted by another child, preteen or teen using the Internet, interactive and digital technologies or mobile phones. It has to have a minor on both sides, or at least have been instigated by a minor against another minor. Once adults become involved, it is plain and simple cyber-harassment or cyberstalking. Adult cyber-harassment or cyberstalking is NEVER called cyberbullying.

It isn't when adult are trying to lure children into offline meetings, that is called sexual exploitation or luring by a sexual predator. But sometimes when a minor starts a cyberbullying campaign it involves sexual predators who are intrigued by the sexual harassment or even ads posted by the cyberbullying offering up the victim for sex.

The methods used are limited only by the child's imagination and access to technology. And the cyberbully one moment may become the victim the next. The kids often change roles, going from victim to bully and back again.

Children have killed each other and committed suicide after having been involved in a cyberbullying incident.

Cyberbullying is usually not a one time communication, unless it involves a death threat or a credible threat of serious bodily harm. Kids usually know it when they see it, while parents may be more worried about the lewd language used by the kids than the hurtful effect of rude and embarrassing posts.

Cyberbullying may arise to the level of a misdemeanor cyber harassment charge, or if the child is young enough may result in the charge of juvenile delinquency. Most of the time the cyberbullying does not go that far, although parents often try and pursue criminal charges. It typically can result in a child losing their ISP or IM accounts as a terms of service violation. And in some cases, if hacking or password and identity theft is involved, can be a serious criminal matter under state and federal law.

When schools try and get involved by disciplining the student for cyberbullying actions that took place off-campus and outside of school hours, they are often sued for exceeding their authority and violating the student's free speech right. They also, often lose. Schools can be very effective brokers in working with the parents to stop and remedy cyberbullying situations. They can also educate the students on cyberethics and the law. If schools are creative, they can sometimes avoid the claim that their actions exceeded their legal authority for off-campus cyberbullying actions. We recommend that a provision is added to the school's acceptable use policy reserving the right to discipline the student for actions taken off-campus if they are intended to have an effect on a student or they adversely affect the safety and well-being of student while in school. This makes it a contractual, not a constitutional, issue.

How cyberbullying works

There are two kinds of cyberbullying, direct attacks (messages sent to your kids directly) and cyberbullying by proxy (using others to help cyberbully the victim, either with or without the accomplice's knowledge). Because cyberbullying by proxy often gets adults involved in the harassment, it is much more dangerous.

Why do kids cyberbully each other?

Who knows why kids do anything? When it comes to cyberbullying, they are often motivated by anger, revenge or frustration. Sometimes they do it for entertainment or because they are bored and have too much time on their hands and too many tech toys available to them. Many do it for laughs or to get a reaction. Some do it by accident, and either send a message to the wrong recipient or didn't think before they did something. The Power-hungry do it to torment others and for their ego. Revenge of the Nerd may start out defending themselves from traditional bullying only to find that they enjoy being the tough guy or gal. Mean girls do it to help bolster or remind people of their own social standing. And some think they are righting wrong and standing up for others.

Because their motives differ, the solutions and responses to each type of cyberbullying incident has to differ too. Unfortunately, there is no "one size fits all" when cyberbullying is concerned. Only two of the types of cyberbullies have something in common with the traditional schoolyard bully. Experts who understand schoolyard bullying often misunderstand cyberbullying, thinking it is just another method of bullying. But the motives and the nature of cybercommunications, as well as the demographic and profile of a cyberbully differ from their offline counterpart.

Preventing cyberbullying

Educating the kids about the consequences (losing their ISP or IM accounts) helps. Teaching them to respect others and to take a stand against bullying of all kinds helps too.

How can you stop it once it starts?

Because their motives differ, the solutions and responses to each type of cyberbullying incident has to differ too. Unfortunately, there is no "one size fits all" when cyberbullying is concerned. Only two of the types of cyberbullies have something in common with the traditional schoolyard bully. Experts who understand schoolyard bullying often misunderstand cyberbullying, thinking it is just another method of bullying. But the motives and the nature of cyber communications, as well as the demographic and profile of a cyberbully differ from their offline counterpart.

What is the school's role in this?

When schools try and get involved by disciplining the student for cyberbullying actions that took place off-campus and outside of school hours, they are often sued for exceeding their authority and violating the student's free speech right. They also, often lose. Schools can be very effective brokers in working with the parents to stop and remedy cyberbullying situations. They can also educate the students on cyberethics and the law. If schools are creative, they can sometimes avoid the claim that their actions exceeded their legal authority for off-campus cyberbullying actions. We recommend that a provision is added to the school's acceptable use policy reserving the right to discipline the student for actions taken off-campus if they are intended to have an effect on a student or they adversely affect the safety and well-being of student while in school. This makes it a contractual, not a constitutional, issue.

Take a stand against cyberbullying

Education can help considerably in preventing and dealing with the consequences of cyberbullying. The first place to begin an education campaign is with the kids and teens themselves. We need to address ways they can become inadvertent cyberbullies, how to be accountable for their actions and not to stand by and allow bullying (in any form) to be acceptable. We need to teach them not to ignore the pain of others.

Teaching kids to “Take 5!” before responding to something they encounter online is a good place to start. Jokingly, we tell them to “Drop the Mouse! And step away from the computer and no one will get hurt!” We then encourage them to find ways to help them calm down. This may include doing yoga, or deep-breathing. It may include running, playing catch or shooting hoops. It may involve taking a bath, hugging a stuffed animal or talking on the phone with friends. Each child can find their own way of finding their center again. And if they do, they will often not become a cyberbully, even an inadvertent cyberbully. Teaching them the consequences of their actions, and that the real “Men in Black” may show up at their front door sometimes helps. Since many cyberbullying campaigns include some form of hacking or password or identity theft, serious laws are implicated. Law enforcement, including the FBI, might get involved in these cases.

But we need to recognize that few cyberbullying campaigns can succeed without the complacency and the often help of other kids. If we can help kids understand how much bullying hurts, how in many cases (unlike the children’s chant) words can hurt you, fewer may cooperate with the cyberbullies. They will think twice before forwarding a hurtful e-mail, or visiting a cyberbullying “vote for the fat girl” site, or allowing others to take videos or cell phone pictures of personal moments or compromising poses of others. Martin Luther King, Jr. once said that in the end we will remember not the words of our enemies, but the silence of our friends. We need to teach our children not to stand silently by while others are being tormented. While it is crucial that we teach them not to take matters into their own hands (and perhaps become a "vengeful angel" cyberbully themselves) they need to come to us. And if we expect them to trust us, we need to be worthy of that trust. (Read more about this at "Goldilocks and the cyberbullies...not too hot and not too cold," a guide for parents.)

And, in addition to not lending their efforts to continue the cyberbullying, if given an anonymous method of reporting cyberbullying Web sites, profiles and campaigns, kids can help put an end to cyberbullying entirely. School administration, community groups and even school policing staff can receive these anonymous tips and take action quickly when necessary to shut down the site, profile or stop the cyberbullying itself.

They can even let others know that they won’t allow cyberbullying, supporting the victim, making it clear that they won’t be used to torment others and that they care about the feelings of others is key. Martin Luther King, Jr. once said “In the end, we will remember not the words of our enemies, but the silence of our friends.”

We need to teach our children that silence, when others are being hurt, is not acceptable. If they don’t allow the cyberbullies to use them to embarrass or torment others, cyberbullying will quickly stop. It’s a tall task, but a noble goal. And in the end, our children will be safer online and offline. We will have helped create a generation of good cybercitizens, controlling the technology instead of being controlled by it.

domingo, 13 de junho de 2010

TRANSTORNO DEPRESSIVO



A tristeza é dos sentimentos humanos o mais doloroso. Todos nós tomamos contacto com ela em algum momento de nossas vidas. A tristeza passageira, a "fossa" ou "baixo-astral", o "estar down" fazem parte da vida, e são superados após algum tempo. O luto, após a perda de um ente querido, manifesta-se por um sentimento de tristeza e vazio e também é superado com o correr do tempo. Devem-se distinguir a tristeza e o luto normais da depressão.

A depressão é uma doença, como outra doença qualquer, que se caracteriza por uma tristeza profunda e duradoura, além de outros sintomas e que dispõe hoje de tratamentos modernos para alívio do sofrimento que acarreta. A depressão é uma doença bastante comum. A cada ano, uma em cada vinte pessoas apresenta depressão. As chances de alguém ter uma depressão ao longo da vida são de cerca de 15%. Ela se manifesta mais freqüentemente no adulto, embora possa ocorrer em qualquer faixa de idade, da criança ao idoso. É mais freqüente nas mulheres do que nos homens.

É muito importante que as pessoas saibam perceber a depressão para poder procurar ajuda especializada e tratamento. A pessoa sente uma tristeza intensa, que não consegue vencer. Ela pode achar que isso é uma "fraqueza de caráter" e tem vergonha de pedir ajuda, ou então não sabe que se trata de uma doença como outra qualquer, passível de tratamento com grandes chances de sucesso. Nessa situação é muito importante que os familiares ou amigos próximos tomem a decisão de levá-la ao médico, seja o clínico ou médico da família, seja o psiquiatra. Este fará uma avaliação minuciosa do quadro, orientando na realização de eventuais exames laboratoriais, bem como no tratamento.

Os principais sintomas da depressão são: tristeza profunda e duradoura (em geral mais que duas semanas), perda do interesse ou prazer em atividades que antes eram apreciadas, sensação de vazio, falta de energia, apatia, desânimo, falta de vontade para realizar tarefas, perda da esperança, pensamentos negativos, pessimistas, de culpa ou auto-desvalorização. Além desses, a pessoa pode ter dificuldade para concentrar-se, não dorme bem, tem perda do apetite, ansiedade e queixas físicas vagas (desconforto gástrico, dor de cabeça, entre outras). Em casos mais graves podem ocorrer idéias de morte e suicídio, havendo até pessoas que tentam o suicídio. A depressão é freqüentemente uma doença recorrente, a pessoa tem episódios de depressão que se repetem de tempos em tempos.

A causa da depressão não é conhecida. Sabe-se que vários fatores biológicos e psicológicos podem contribuir para seu aparecimento. Em algumas pessoas a hereditariedade tem um peso importante, outros parentes também apresentam depressão. Com muita freqüência a depressão começa após alguma situação de estresse ou conflito e depois persiste, mesmo após a superação da dificuldade. As pesquisas mostram que na depressão há um desequilíbrio químico no cérebro, com alterações de neurotransmissores (substâncias que fazem a comunicação entre as células nervosas) principalmente da noradrenalina e da serotonina. A descoberta destas alterações permitiu o desenvolvimento de medicamentos específicos para o tratamento da depressão: os medicamentos antidepressivos.

O tratamento da depressão se faz atualmente com a combinação do medicamento antidepressivo com a psicoterapia. Esses medicamentos permitem uma recuperação gradual da depressão (em geral em algumas semanas) além de proteger a pessoa de novas crises depressivas. Por isto muitas pessoas precisam tomá-los por longos períodos de tempo, as vezes por toda a vida. Como os medicamentos demoram algum tempo para agir, é importante não desanimar; nesse período o apoio e a compreensão dos familiares são fundamentais.

A abordagem psicoterápica concomitante ao uso de medicamentos permite que o tratamento de depressão seja mais efetivo. A razão para a utilização das duas formas de tratamento está na sua complementaridade A depressão, qualquer que seja sua origem, acarreta na pessoa deprimida uma serie de alterações em suas relações com as pessoas que a cercam, em suas atividades e fundamentalmente, na forma de expressão afetiva que possui. A dinâmica de suas emoções encontra-se prejudicada. É nesses aspectos que a psicoterapia pode auxiliá-lo. Leva a pessoa a reflexões sobre seu funcionamento dinâmico de suas emoções, possibilitando assim a reconstituição de seu modo de ser, que se encontra circunstancialmente alterado.

terça-feira, 8 de junho de 2010

EQUILÍBRIO EMOCIONAL NO TRABALHO



Como sabemos, diariamente, problemas variados acontecem no nosso cotidiano profissional e muitos desses problemas acabam tirando a nossa paz, deixando-nos, muitas vezes, irritados e sem o menor poder de reação, bloqueando a nossa força interior. E quando isso acontece o nosso equilíbrio emocional acaba sendo prejudicado.

Então, como lidar com as adversidades do trabalho sem prejudicar as nossas emoções? Como resolver os nossos problemas profissionais sem deixar-nos abater?

Em primeiro lugar é preciso compreender que problemas complicados irão surgir, naturalmente em nossas vidas, porém o importante é sabermos resolvê-los da melhor maneira possível buscando meios diferentes de solucionar todo e qualquer tipo de problema. Não devemos, de maneira alguma, perder o equilíbrio emocional e continuar firme no propósito de que todo problema espera a solução mais apropriada.

Contudo, se perdermos o nosso controle emocional, na certa a nossa capacidade de enfrentar obstáculos será notadamente afetada. É preciso compreender também que não se resolvem problemas com imposições ou popularmente falando "forçando a barra", pois tudo que é forçado acaba prejudicando de alguma maneira o setor em que o problema foi gerado.

Contudo isso, o nosso equilíbrio emocional deve ser treinado diariamente a fim de que tenhamos controle absoluto dos nossos sentimentos e de nossas reações. Aprender a entender nossas reações emocionais nos tempos atuais é de fundamental importância, isso porque a velocidade dos acontecimentos tira-nos, muitas vezes, o poder de concentração, bloqueando a nossa mente e prejudicando nosso desempenho profissional. O importante é conviver com os problemas de forma pacífica e ao mesmo tempo de forma ativa, sem deixar para amanhã o que se pode resolver hoje.

Técnicas aprovadas por psicoterapeutas ajudam-nos a entender melhor nossas emoções e nossas reações, sendo elas:

1. Relaxamento e Meditação: essas técnicas precisam ser serem realizadas com bastante freqüência, pois as mesmas, se bem executadas, têm o poder de gerar energia positiva em todo sistema cerebral dando-nos um impulso preciosíssimo em nossa vida.

2. A leitura diária de livros, jornais, etc., é uma técnica desenvolvida para que a nossa mente esteja sempre evoluindo, mas é bom salientar que nem todo tipo de leitura é saudável para nossa mente, por isso devem-se evitar alguns tipos de leitura que nos deixem tristes, preocupados ou até mesmo apreensivos, a leitura recomendada por psicólogos e especialistas no assunto, são leituras que estimulem o cérebro a pensar e a refletir sobre sua própria vida.

3. Exercícios físicos também são considerados pelos estudiosos como vitais para que o nosso equilíbrio físico e emocional estejam sempre em perfeito estado. Por isso temos que escolher um exercício que nos agrade, por mais simples que seja. Precisamos começar aos poucos e depois irmos aumentando de acordo com a nossa capacidade física, e em pouco tempo vamos sentir uma enorme diferença em nossas ações diárias.

Usando essas técnicas com uma certa freqüência, vamos perceber com o tempo que nossas reações, diante dos acontecimentos e imprevistos no dia-a-dia serão mais coerentes com nossa maneira de ser e com o nosso poder de agir corretamente.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

CRER & SER: A FELICIDADE EXISTE?

TRANSTORNO DO PÂNICO

Quais os sintomas físicos de uma crise de pânico?

Como se descreve acima, os sintomas físicos de uma crise de pânico aparecem subitamente, sem nenhuma causa aparente (apesar de existir, mas fica difícil de perceber). Os sintomas são como uma preparação do corpo para alguma "coisa terrível". A reação natural é acionar os mecanismos de fuga. Diante do perigo, o organismo trata de aumentar a irrigação de sangue no cérebro e nos membros usados para fugir - em detrimento de outras partes do corpo, incluindo os órgãos sexuais.

Eles podem incluir:

• Contração / tensão muscular, rijeza
• Palpitações (o coração dispara)
• Tontura, atordoamento, náusea
• Dificuldade de respirar (boca seca)
• Calafrios ou ondas de calor, sudorese
• Sensação de "estar sonhando" ou distorções de percepção da realidade
• Terror - sensação de que algo inimaginavelmente horrível está prestes a acontecer e de que se está impotente para evitar tal acontecimento
• Confusão, pensamento rápido
• Medo de perder o controle, fazer algo embaraçoso
• Medo de morrer
• Vertigens ou sensação de debilidade

Uma crise de pânico dura caracteristicamente vários minutos e é uma das situações mais angustiantes que podem ocorrer a alguém. A maioria das pessoas que tem uma crise terá outras (se não tratar). Quando alguém tem crises repetidas ou sente muito ansioso, com medo de ter outra crise, diz-se que tem transtorno do pânico.

O que é o transtorno do pânico?

Transtorno do pânico é um problema sério de saúde. Este distúrbio é nitidamente diferente de outros tipos de ansiedade, caracterizando-se por crises súbitas, sem fatores desencadeantes aparentes e, freqüentemente, incapacitantes. Depois de ter uma crise de pânico - por exemplo, enquanto dirige, fazendo compras em uma loja lotada ou dentro de um elevador - a pessoa pode desenvolver medos irracionais (chamados fobias) destas situações e começar a evitá-las. Gradativamente o nível de ansiedade e o medo de uma nova crise podem atingir proporções tais, que a pessoa com o transtorno do pânico pode se tornar incapaz de dirigir ou mesmo pôr o pé fora de casa. Neste estágio, diz-se que a pessoa tem transtorno do pânico com agorafobia. Desta forma, o distúrbio do pânico pode ter um impacto tão grande na vida cotidiana de uma pessoa como outras doenças mais graves - a menos que ela receba tratamento eficaz e seja compreendida pelos demais.


O que causa o transtorno do pânico? Por que ele ocorre?

De acordo com uma das teorias, o sistema de "alerta" normal do organismo - o conjunto de mecanismos físicos e mentais que permite que uma pessoa reaja a uma ameaça - tende a ser desencadeado desnecessariamente na crise de pânico, sem haver perigo iminente. Algumas pessoas são mais suscetíveis ao problema do que outras. Constatou-se que o transtorno do pânico ocorre com maior freqüência em algumas famílias, e isto pode significar que há uma participação importante de um fator hereditário (genético) na determinação de quem desenvolverá o transtorno. Entretanto, muitas pessoas que desenvolvem este transtorno não têm nenhum antecedente familiar.
O cérebro produz substâncias chamadas neurotransmissores que são responsáveis pela comunicação que ocorre entre os neurônios (células do sistema nervoso). Estas comunicações formam mensagens que irão determinar a execução de todas as atividades físicas e mentais de nosso organismo (ex: andar, pensar, memorizar, etc.). Um desequilíbrio na produção destes neurotransmissores pode levar algumas partes do cérebro a transmitir informações e comandos incorretos. Isto é exatamente o que ocorre em uma crise de pânico: existe uma informação incorreta alertando e preparando o organismo para uma ameaça ou perigo que na realidade não existe. É como se tivéssemos um despertador que passa a tocar o alarme em horas totalmente inapropriadas. No caso do Transtorno do Pânico os neurotransmissores que se encontram em desequilíbrio são: a serotonina e a noradrenalina.

O transtorno do pânico é um problema sério?

O transtorno do pânico já é considerado um problema sério de saúde. Atualmente 2 a 4% da população mundial sofre deste mal, que acomete mais mulheres do que homens em uma proporção de 3 para 1. Há muito que o transtorno do pânico deixou de ser um diagnóstico de exclusão. Hoje, mais do que nunca, há necessidade de um diagnóstico de certeza para tal entidade clínica. As pessoas que sofrem deste mal costumam fazer uma verdadeira "via-crúcis" a diversos especialistas e após uma quantidade exagerada de exames complementares recebem, muitas vezes, o patético diagnóstico do "nada", o que aumenta sua insegurança e seu desespero. Por vezes esta situação dramática é reduzida a termos evasivos como: estafa, nervosismo, stress, fraqueza emocional ou problema de cabeça. Isto pode criar uma incorreta impressão de que não há um problema de fato e de que não existe tratamento para tal patologia.

O transtorno de pânico é real e potencialmente incapacitante, mas pode ser controlado com tratamentos específicos. Por causa dos seus sintomas desagradáveis, ele pode ser confundido com uma doença cardíaca ou outra doença grave. Freqüentemente as pessoas procuram um pronto-socorro quando têm a crise de pânico e podem passar desnecessariamente por extensos exames médicos para excluir outras doenças.

Os médicos em geral tentam confortar o paciente em crise de pânico, fazendo-o entender que não está em perigo. Mas estas tentativas podem às vezes piorar as dificuldades do paciente: se o médico usar expressões como "não é nada grave", "é um problema de cabeça" ou "não há nada para se preocupar", isto pode produzir uma impressão incorreta de que não há problema real e de que não existe tratamento ou de que este não é necessário, conforme já comentado.

Qual é a população atingida?

As pessoas que tem o transtorno do pãnico, em sua maioria, são pessoas jovens (faixa etária de 21 a 40 anos), que encontram-se na plenitude de suas vidas profissionais. O perfil da personalidade das pessoas que sofrem deste transtorno, costuma apresentar aspectos em comum: geralmente são pessoas extremamente produtivas à nível profissional, costumam assumir uma carga excessiva de responsabilidades e afazeres, são bastantes exigentes consigo mesmos, não convivem bem com erros ou imprevistos, têm tendência a se preocuparem excessivamente com problemas cotidianos, alto nível de criatividade, perfeccionismo, excessiva necessidade de estar no controle e de aprovação, expectativas extremamente altas, pensamento rígido, competente e confiável, repressão de alguns ou todos os sentimentos negativos (os mais comuns são, o orgulho e a irritação), tendência a ignorar as necessidades físicas do corpo, entre outras. Essa forma de ser acaba por predispor estas pessoas a situações de stress acentuado, fato este que pode levar ao aumento intenso da atividade de determinadas regiões do cérebro desencadeando assim um desequilíbrio bioquímico e conseqüentemente o aparecimento do transtorno do pânico.

Vale ressaltar ainda que alguns medicamentos como anfetaminas (usados em dietas de emagrecimento) ou drogas (cocaína, maconha, crack, ecstasy, etc), podem aumentar a atividade e o medo promovendo alterações químicas que podem levar ao transtorno.

Existe tratamento para este problema?

Existe uma variedade de tratamentos. O mais importante neste aspecto é que se introduza um tratamento que vise restabelecer o equilíbrio bioquímico cerebral numa primeira etapa. Isto pode ser feito através de medicamentos seguros e que não produzam risco de dependência física dos pacientes. Numa segunda etapa prepara-se o paciente para que ele possa enfrentar seus limites e as adversidades vitais de uma maneira menos estressante. Em última análise, trata-se de estabelecer junto com o paciente uma nova forma de viver onde se priorize a busca de uma harmonia e equilíbrio pessoal. Uma abordagem psicoterápica específica deverá ser realizada com esse objetivo.

O sucesso do tratamento está diretamente ligado ao engajamento do paciente com o mesmo. É importante que a pessoa que sofre de deste transtorno entenda todas as peculiaridades que envolvem este mal e que queira fazer uma boa "aliança terapêutica" com seu médico no sentido de juntos superarem todas as adversidades que poderão surgir na busca do seu equilíbrio pessoal.

Para as pessoas que não tem, e para as que possam vir a conviver com o problema:

O transtorno do pânico não é loucura, nem "frescura". Infelizmente é comum que os distúrbios psíquicos sejam interpretados como simples fraqueza de caráter. O melhor jeito para conviver com uma pessoa que passou pelo problema, é compreender pelo que a pessoa passa; fazendo com que essa pessoa saiba que você entende o que se passa com ela, isso irá tranqüilizá-la, trazendo bem-estar, pois é bem difícil se ter um "ataque", perante uma pessoa ou ambiente que conheça o problema, junto com um "tratamento", preferencialmente, tratado por um psiquiatra. Pois os que sofrem com o transtorno do pânico são ótimas companhias, devido a sua sensibilidade apurada, pois uma experiência ruim algumas vezes frutifica em crescimento interior. E sempre mantenha essa pessoa normalmente convivendo com suas atividades, percebendo as suas limitações e não "forçando nenhuma barra". Aos poucos a vida volta à normalidade.

A FELICIDADE EXISTE?



Freud, a psicanálise e a felicidade

Das clássicas proposições filosóficas aos atuais manuais de auto-ajuda, passando pelos trabalhos científicos e as construções utópico-ideológicas predominantes no século 20, a verdade é que o ser humano ainda não conseguiu dar uma resposta definitiva e satisfatória sobre o que é ser feliz e como conseguir sê-lo.

A psicanálise que, junto com Freud, é reconhecida como um saber teórico, uma técnica de interpretação e uma clínica psicanalítica, voltada para diminuir o sofrimento humano, é cética quanto ao sujeito humano ser feliz. O próprio Freud teria dito que a psicanálise até pode resolver os problemas da miséria neurótica, mas ela nada pode fazer contra as misérias da vida como ela é.

Ainda, segundo Freud, não sendo a psicanálise uma “cosmovisão”, uma construção intelectual que visa solucionar todos os problemas de nossa conturbada existência, com base em uma hipótese filosófica ou supostamente científica universal, é praticamente impossível conceber um ser humano plenamente feliz.

Herdeira do estilo socrático porque ousa buscar, mas nada conclui, a psicanálise sustenta o compromisso de, por um lado, não deixar nenhuma pergunta sem resposta acredita ter encontrado a chave para explicar e resolver todos os males da humanidade, por meio do indivíduo, do grupo ou da coletividade.

A teoria psicanalítica e a felicidade

Para entender a relação psicanálise e felicidade, precisamos resgatar alguns de seus conceitos e categorias. O primeiro deles é o desejo. O desejo é humano, demasiadamente humano. O desejo tal como é entendido pela psicanálise, não é a mesma coisa que a necessidade. Enquanto a necessidade é um conceito biológico, natural, implica uma tensão interna que impele o organismo numa determinada direção no sentido de busca de redução dessa tensão ou satisfação, logo, a autoconservação (ex: necessidade de fome, então buscamos comida), o desejo, sendo de ordem puramente psíquica, é desnaturado e como tal pertence à ordem simbólica. Enquanto a necessidade é biológica, instintiva e busca objetos específicos (comida, água, etc.) para reduzir a tensão interna do organismo, o desejo não implica uma relação com esses objetos concretos, mas sim, com o fantasma ou fantasia. Ou seja, “o fantasma é, ao mesmo tempo, efeito do desejo arcaico inconsciente e matriz dos desejos atuais, conscientes e inconscientes”.
Diferente dos animais, no mundo demasiadamente humano, as necessidades são atravessadas pelo fenômeno da linguagem, porta-voz das demandas. A criança pede à mãe que lhe dê o objeto de sua necessidade para ela eliminar sua “falta”. Só que a demanda é sempre demanda por outra coisa, funcionando como pretexto para conseguir "algo" de que o sujeito sente falta e que pressupõe que o outro disponha a fornecê-lo, ou seja, reconhecimento e amor. Portanto, não somente existe nela (criança ou adulto) a necessidade do objeto "alimento x", mas, sobretudo sempre existe uma "demanda para ser reconhecida e amada". No fundo, queremos ser preenchidos, plenos, ou seja, almejamos uma impossibilidade. Porque, a demanda é a solicitação de uma presença ou de uma ausência, e é sempre dirigida ao Outro, como um pedido de amor e uma expectativa de preenchimento absoluto, de fusão das almas, de plenitude.

A demanda e o desejo fazem aparecer outro registro da falta . Acontece que, a satisfação do desejo é sempre adiada e nunca atingida, portanto, no fundo, o desejo busca o impossível. Restando-lhe sempre a satisfação, o desejo se vê obrigado a buscar outro caminho, a realização. Através de meios-objetos como a fantasia do seio, o sintoma, um beijo, o gozo da droga, o gozo do poder político, o gozo do discurso teórico da fé, o gozo do rico que priva o outro de também ter, o gozo de quem imputa sofrimento a outro, etc. Todas essas formas de realização são marcadas por insatisfações primitivas que se atualizam. O sujeito vive em estado de excitação contínua: prazer e desprazer ao mesmo tempo. A pulsão e o desejo nos diferenciam dos animais estes são seres de puro instinto, seres de necessidade. Os seres humanos por serem desejantes, seres de linguagem, são condenados a sentir, primeiro mal-estar e angústia, depois por serem impulsionados para algo que se supõe trazer a felicidade, um estado de completude de não falta.

O que nos sustenta é uma ficção construída e dependente da memória de que um dia fomos para o desejo do Outro primordial (mãe), que nos acolheu em nosso desamparo de recém nato. E neste núcleo de nada, de ter sido o desejo do Outro que nos sustentamos, buscando incessantemente o reconhecimento nos olhares dos outros nossos semelhantes.
Por vezes isso se faz às custas de fazermo-nos sofrer em demasia. “O sofrimento dos neuróticos provém da angústia de não desejar em conformidade com o super-eu” (Nasio, 1993); pois para advir como sujeito, a que renunciar a essa plenitude (de ter sido o tudo para o outro) se adequando em conformidade com as exigências do social.
O desejo, no fundo, sempre procura realizar a nostalgia do objeto perdido, que habita no inconsciente. Então, o objeto não-sabido e recalcado do desejo está condenado a repetir na atualidade o que no passado remoto possivelmente foi prazer e depois virou gozo. Portanto, tal como entende a psicanálise, o desejo implica num desvio ou perversão da ordem natural ou biológica. Deixando de ser instintivos, os humanos se orientam pela ‘ordem’ pulsional e desejante, ou seja, não somos mais movidos pela força instintiva, que é apenas matriz do comportamento dos animais ditos irracionais. Somos seres simbólicos, marcados pela desnaturalização empreendida pela cultura. Somo movidos sempre por ‘outra coisa’. Se fôssemos somente instinto e necessidade, seríamos como os animais, que parecem felizes quando cumprem com seu ciclo biológico de fome e sexo. O animal satisfeito deve ser feliz. Mas, o mesmo não acontece com os seres humanos. Podemos ter ‘tudo’ e ao mesmo tempo sentir vazio existencial; podemos sentir prazer e ao mesmo tempo colher desprazer em nossos atos demasiadamente humanos. Se estivéssemos presos ao instinto, ainda teríamos cio, faríamos sexo somente em determinada época do ano apenas para procriar; comeríamos apenas para matar a fome e não para degustar. Entretanto, a condição humana de ser desejante, cultural, complica a sua conquista para ser feliz, embora possamos eventualmente experimentar alguns momentos de felicidade, como o gozo sexual, o recebimento de uma promoção no trabalho, ganhar um prêmio, ver nascer um filho, etc.
Essa distinção é importante porque, além de distinguir a categorias da “satisfação” e da “realização”, tem importantes conseqüências na condução da clínica psicanalítica, na política e na concepção sobre a construção da civilização. Uma psicoterapia baseada na satisfação das necessidades dos pacientes constitui um grave equívoco, é enganação, e pode abrir caminho para a perversão da relação profissional, chamada por Freud de ‘psicanálise selvagem’. No centro da teoria e da prática psicanalíticas está o desejo, diz Freud. Não é a necessidade, mas o desejo. E, no final de um processo de psicanálise onde estava o ‘isso’ [id] o ‘eu’ [ego] deve advir. Esse princípio tem correspondência no campo político.

É certo que a necessidade quando preenchida leva o sujeito a obter a sensação de satisfação. Mas, não o leva sentir-se feliz. Isto acontece porque “o desejo, jamais é satisfeito" (GARCIA-ROZA: 144). Por que, então, o desejo humano jamais é satisfeito?

Sujeito x felicidade

Para Freud, o desejo é o que põe em movimento o aparelho psíquico e o orienta segundo a percepção do agradável e do desagradável. O desejo nasce da zona erógena do corpo, e sem se reduzir ao corpo (soma) somente pode se satisfazer apenas parcialmente. Como já foi dito, ele realiza-se no movimento de querer-mais-e-mais. Como formula Lacan, "O desejo é sempre o desejo de um outro desejo”.
O desejo jamais é satisfeito porque tem origem e sustentação da falta essencial que habita o ser humano, daquilo que jamais será preenchido e, por isso mesmo o faz sofrer, mas também o impulsiona para buscar realização – ou satisfação parcial – no mundo objetivo ou na sua própria subjetividade (sonhos, artes, projetos utópicos, fé no absoluto, etc.).

quarta-feira, 2 de junho de 2010

SÍNDROME DE ASPERGER

A Síndrome de Asperger é um transtorno de múltiplas funções do psiquismo com afetação principal na área do relacionamento interpessoal e no da comunicação, embora a fala seja relativamente normal. Há ainda interesses e habilidades específicas, o pedantismo, o comportamento estereotipado e repetitivo e distúrbios motores. A Síndrome de Asperger (SA) é uma das entidades categorizadas pela CID-10 no grupo dos Transtornos Invasivos, ou Globais, do Desenvolvimento – F84 e que todas elas iniciam invariavelmente na infância e com comprometimento no desenvolvimento além de serem fortemente relacionadas a maturação do SNC. Pode-se dizer também que desse grupo (Autismo Infantil, Autismo Atípico, a Síndrome de Rett e outros menos relevantes) a SA é o transtorno menos grave do continuum autístico .

 
Qual é a Prevalência / incidência da S. Asperger?

O trabalho de Ehlers & Gillberg , realizado nas escolas de 1 o grau de uma cidade com predominância de classe média, revelou taxa de 0,36% da população em geral na proporção de 4 homens para 1 mulher. Importante perguntas inadequadas as pessoas não conhecidas; histórico familiar de quadros similares, usualmente na linhagem masculina. Ao exame: andar desajeitado; postura bizarra de braços e mãos; pouco olhar para o interlocutor; mímica facial e corporal pobre e dissociada da conversa; afetividade superficial; afetividade plana (um paciente referia que nada o irritava e que nada o incomodava, outro foi encaminhado para avaliação porque não demonstrou reação ao falecimento da mãe); voz com pouca ou sem modulação (robotizada); fala rebuscada sem a compreensão devida dos termos; persistência no assunto de seu interesse; dificuldade de compreender piadas; compreensão superficial de significados abstratos (p.ex: diferença entre colega e amigo); dificuldade de compreensão do significado de frase quando o diferencial é o tom da voz; ruminações e preocupações ilógicas, para os não afetados; percepção de que é diferente dos colegas e irmãos (a partir da pré-adolescência); conhecimento desproporcional em algum assunto – interesse específico (que pode variar com o tempo); pedantismo ( pelo dicionário Aurélio: "aquele que ostenta erudição que não possui, de forma afetada, livresca, rebuscada"); sintomas obsessivos (que inclusive o incomodam); humor deprimido; memória muito boa, as vezes fotográfica; dificuldade na narrativa de fatos vividos, etc.
Quais são os Diagnósticos Diferenciais mais importantes?

Autismo infantil (AI), transtorno esquizóide de personalidade e esquizofrenia infantil. O diagnóstico diferencial mais polêmico é entre AS e Autismo de Alto Funcionamento ou Alto Desempenho (AAF). Também a hipótese de super-dotado é freqüente assim como distúrbios de comportamento não especificados.

Quais as Diferenças Fundamentais entre Autismo Infantil e Síndrome de Asperger?

Essa delimitação é importante quando o quadro de AI é de grau leve, ou sem histórico de atraso na linguagem, algum tipo de habilidade, QI limítrofe, avaliação em idade anterior a 6-8 anos. Na prática siga a "máxima": O autista está isolado em seu próprio mundo. O Asperger está em nosso mundo, porém vivendo seu estilo próprio de forma isolada.

As diferenças fundamentais são:

Gravidade do caso

Retardo Mental

Alterações cognitivas

Atraso significativo da fala

Usa a 3ª pessoa pronominal (Ele, ou seu nome) no lugar da 1ª (eu)

QI executivo mais alto

Diagnóstico possível antes dos 3 anos e idade

Diagnóstico de certeza só após 6 anos e idade

Inteligência verbal

Pedantismo

Busca ativa de interação social

Dá a impressão de possuir um estilo antigo, excêntrico

Pode dar a impressão de super -dotado

Pais com quadro similar

Quais as diferenças mais importantes entre AS e a Esquizofrenia Infantil?

A esquizofrenia infantil é mais rara e mais grave. A presença de delírio é fundamental para o diagnóstico da Esquizofrenia Infantil (EI), que formalmente só poderá ser detectada após os 7 - 8 anos de idade, época em que a criança inicia o desenvolvimento do pensamento lógico-formal.

Alucinações, que podem ser encontradas em idades mais precoces são comuns e freqüentes que podem ser detectadas mesmo quando a criança ainda não fala (é comum a descrição por familiares de que a criança muda sua expressão fisionômica e reage como se algo estivesse ocorrendo, saindo do lugar, gritando, se agarrando aos outros, etc). A EI está comumente relacionada a QI limítrofe ou baixo. Não estão presentes as habilidades especiais. Não há comprometimento da interação social nas idades precoces, assim como não é comum atrasos de linguagem. Na idade adulta a dica é sempre a ausência de delírios e alucinações.

Quais as diferenças básicas entre a SA e o Transtorno de Personalidade do tipo Esquizóide, sem rebaixamento de QI?

Verifica-se no histórico do portador de Transtorno de Personalidade quatro questões fundamentais: sensibilidade aumentada (não presente no portador de SA) com frequente ideação paranóide; criatividade / presença de fantasias, as vêzes muito elaboradas (sintoma importante em pessoas de mais idade) e as vezes difícil de ser identificada; há o brincar de faz-de-conta; e a interação social é menos comprometida, podendo inexistir com os pais (esse sintoma é o mais importante quando examinamos crianças menores).

Quais as Diferenças entre Síndrome de Asperger e o Autismo de Alto Funcionamento?

Diagnóstico difícil onde há quem diga que é o mesmo quadro. O "ponto" fundamental de diferença é que o AAF possui QI executivo maior que o verbal e atraso na aquisição da linguagem. Na prática clínica a distinção fará pouca diferença pois o tratamento é basicamente o mesmo, porém será fundamental se o objeto for pesquisa

Quando a Super-Dotação Intelectual se impõe como Diagnóstico Diferencial?

A partir da "erudição" que aparentam, das habilidades precoces, do auto-didatismo, da hiperlexia freqüentemente presente (capacidade de aprender a ler muito cedo – a partir de 2 anos). Diagnóstico diferencial importante pois agrada os pais e usualmente é estabelecido por quem não possui experiência com esse grupo de Transtornos.

Distúrbios de Comportamento Não Especificados.

Em minha prática clínica tenho tido a experiência de examinar crianças que estavam em tratamento com o postulado diagnóstico acima. Usualmente as psicoterapias não estavam evoluindo a contento pois haviam comportamentos inesperados a todo momento que desnorteavam os terapeutas e as famílias. Freqüentemente essas crianças "passam" por inúmeros tratamentos sem um diagnóstico formal chegando a adolescência com, ao menos, importante desajuste social.

Como são os Tratamentos?

O tratamento otimizado parte do princípio fundamental de identificar co-morbidades psiquiátricas, neurológicas, neuro-psicológicas, o desenvolvimento de programas pedagógicos, orientação à família e a escola. Importante não relevar o tratamento dentário.

A partir do diagnóstico, deve-se buscar otimizar suas capacidades ao invés da cura dos comprometimentos, que são natos. Para isso é importante precisar o QI executivo, o QI verbal, realizar testes neuro-psicológicos (cognição, memória, atenção, planejamento, execução, etc,), descobrir suas dificuldades na escola, no mundo social e na comunicação, assim como as dificuldades familiares para lidar com a situação. Ou seja, deve-se construir um "pool" de trabalho em torno da situação.

É importante que a pessoa afetada aprenda: a melhorar sua comunicação social (como abordar socialmente pessoas, que devem dar ao outro a vez na conversa, que devem olhar para as pessoas quando conversam com elas, que devem despedir-se, etc); que o outro tem intenções que são diferentes das suas e que deve saber quais são e como fazer para saber (p.ex.: perguntando); a relatar uma situação vivenciada; a lidar com a equação ansiedade / frustração evitando comportamentos catastróficos; a identificar situações novas; a desenvolver estratégias para solução de problemas cotidianos (p.ex.: alguém pergunta: como vai? – explicar que a pergunta refere-se a se a pessoa está sentindo-se bem e não se ela está indo a pé, de ônibus ou não está indo mas chegando – compreensão literal das palavras, distúrbio da pragmática); a desenvolver uma auto-suficiência; a promover uma crítica de seu desempenho para manter sua estima elevada; a generalizar o conhecimento; etc.

A família deve ser esclarecida sobre a gravidade da doença do filho, a "lógica" da SA, seus pontos de fragilidade e as habilidades, a importância da participação, a vida adulta e as possibilidades no trabalho. Uma questão importante é a criação de Associações de Pais que promovam a divulgação da Síndrome para a sociedade e que defendam seus interesses (p.ex.: criação de Cooperativas de Trabalho). Referente a escola, lembre-se que não necessitam de Escolas Especializadas, o que implica que a comunidade da Escola regular precisará ser orientada para promover a convivência com as discrepâncias e bizarrices do portador de SA, suas dificuldades executivas (p.ex.: incapacidade ou extremo comprometimento de escrita, necessitando de uma máquina de escrever ou um computador), pedagógicas, psicológicas, etc.

Do ponto de vista psiquiátrico o tratamento é sintomático, sendo significativo a presença de depressão, quadros obsessivos e quadros psicóticos em alguma fase da vida. Martin pesquisou que em 109 portadores de SA, 35 (32,1%) usavam algum tipo de anti-depressivo (29 - 82,86% usavam IRSS – fluoxentina 17, sertralina 6, fluvoxamina 6). A amostragem também revelou maior uso de anti-psicóticos atípicos (14 em 18 – risperidona 12, olanzapina 2) enquanto nos portadores de AI era mais utilizado os neurolépticos. Estabilizadores do Humor: Valproato - 7, Lítio– 2, Carbamazepina – 1. Agonista alfa-adrenérgico – 5, Beta-bloqueadores– 2 (ambos utilizados para hiperatividade).

A propedêutica neurológica também é necessária sendo importante mesmo salientando que o diagnóstico é clínico.

Etiologia
Ainda desconhecida.

Aspectos Neurobiológicos

Há três trabalhos sobre a prevalência familiar (8,22) focados em SA que demonstram nos pais taxas de 2% a 11% e até 4% em irmãos - lembrar que a prevalência é de 0,36% na população em geral. No tocante as questões neurobiológicas há suposição de comprometimento de inúmeras estruturas como lobo frontal, o córtex pré-frontal, o lobo temporal, a amígdala, o cerebelo, assim como prejuízo em cascata dessas estruturas. Porém chama a atenção o trabalho onde utilizando ressonância magnética funcional durante a identificação de expressões faciais encontrou uma menor atividade no gyrus fusiforme (lobo temporal) e mais atividade no gyrus temporal inferior. Sabe-se que nessa área há mais atividade quando controles normais são estimulados na discriminação de objetos, ao contrário do gyrus fusiforme que fica mais ativa na discriminação do rosto humano. Essa descoberta é síntone com o comportamento desse grupo que não possui uma capacidade de meta-representação (Teoria da Mente) e se referencia, reage e responde com maior facilidade ao "mundo dos objetos" que ao "mundo da pessoas".

Prognóstico

Mesmo que seja o quadro mais leve dos TID, é sempre reservado pois implica na capacidade da pessoa aprender a adaptar-se ao meio social.